Renas e Afins (mais histórias)

Voltando à vaca fria ou à Lapónia, como preferirem. Depois de ter recebido alguns comentários que chamavam a atenção ao frio extremo que poderia ter passado devo inforamar-vos que ...NADA DISSO!

Apesar de termos levado com temperaturas na ordem dos –10º ou –15º, num ano com temperaturas extremamente elevadas para a época (segundo os locais naquela altura do ano normalmente as temperaturas rondam os –30º) não tivemos frio.

No entanto a Finlândia é um pais muito à frente e apesar de ter levado na mala camisolas interiores (que pedi emprestadas porque não uso), colants e pijamas quentes, não os usei, nem na noite que passei no hotel do gelo. As casas estão sempre super aquecidas e quando entravamos onde quer que fosse pareciamos umas cebolas a descascar camada por camada até ficarmos com uma última camadinha fina de uma t-shirt ou talvez uma sweat-shirt para os mais friorentos.

A noite no hotel do gelo, neste campo da roupagem, foi um caso sui generis pois quando fizemos um pequeno briefing onde nos mostraram como fazer para dormir o mais confortavelmente possível, foi-nos dito para dormir com o mínimo de roupa, e eu acatei, dormi com uma t-shirtezinha e não tive frio nenhum, ao contrário de alguns colegas que teimaram em dormir todos ataviados e passaram o chamado briol o catano...

Ora então como a coisa (saco cama térmico) funcionava com o calor do nosso próprio corpo que ía circulando, se o mesmo (corpo) estivesse muito tapado o calor não circulava – básico.

Mas o mais engraçado foi, eu e a minha colega de quarto as duas de rabo para o ar em cima da “cama” a fazer contorcionismo para nos metermos dentro dos sacos cama (que eram dois – um dentro do outro). Tinhamos que deixar a nossa roupa entre nós e a pele de rena que cobria o bendito calhau de gelo, vulgo cama para que de manhã a mesma não estivesse tesa que nem um bacalhau. As botas também tinham que ficar sobre a cama para não congelarem e quando demos por isso estavamos as duas já aconchegadinhas com a luz acesa e a porta aberta e o que é que fizemos? Nada! Deixámos como estava porque senão lá tinhamos que desfazer tudo e voltar a fazer, nem pensar... Outra coisa que estava fora de questão era um xixizinho nocturno porque entre sair do saco cama, vestir, calçar e agasalhar para sair do quarto e ir às zona das casas de banho e depois ter que voltar a fazer tudo, lá se ía a vontade.

Os menos afoitos e aventureiros e alguns claustrofóbicos que não quiseram pernoitar nas nossas tumbas de gelo foram dormir para a “recepção” do hotel (fraquinhos).