R e os Médicos
Ainda voltando à vaca fria da endoscopia, devo dizer que a forma como somos tratados pelo pessoal médico influencia em muito o desenrolar de um exame, ainda para mais um exame delicado como este. O Prof. que me fez o exame e a Enfª que o ajudou foram de uma amabilidade e simpatia pouco comum. Se tivesse calhado com um sargento e uma “coronela” antipáticos e sisudos acho que me tinha sentido muito pior até porque o facto de eles demonstrarem compreensão já é meio caminho andado para a coisa se dar.
Pessoalmente não tenho grande razão de queixa do pessoal médico que tenho conhecido mas tenho um que faz parte do meu imaginário infantil.
O Dermatologista do Centro de Saúde a que eu costumava ir quando era criança era a pessoas mais sisuda e pouco simpática (não digo antipática porque eu sou simpática) que já conheci, raramente olhava para nós, normalmente olhava só para o nosso problema mas verdade seja dita, era um ás da Dermatologia. Parecia o Dr.House, um animal no trato mas que sabia daquilo como ninguém. Não só sabia logo o que tinhamos como receitava o que precisavamos, e às vezes era uma auntêntica receita porque enviava as quantidades e os ingredientes para a farmácia onde faziam o medicamento (na maioria das vezes eram pomadas) na hora e inclusivamente dizia-nos o tempo que demoraria o tratamento e nunca falhava.
Depois tive uma experiência sui generis com o Médico do Trabalho lá do Office (agora já temos um novo) que era uma autêntica aberração. Não olhava para nós, fazia perguntas estúpidas e dava conselhos de bradar aos Céus. A minha primeira vez com ele foi hilariante, quando lhe disse que tomava a pílula perguntou-me se alguma vez tinha feito um teste de fertilidade para ver se podia ter filhos. Deve ser normal uma pessoa fazer um teste de fertilidade para saber se tem ou não que tomar a pílula. Afastou-me a pálpebra inferior com o indicador, olhou lá para dentro e disse:
-Ainda não está a precisar de ferro mas vamos ter atenção...
Desculpem? Isso era o que o meu avô me fazia quando eu era pequena para ver se me andava a alimentar bem. Mediu-me a tensão e dava 12/8 o que não me disse nada porque a tensão de toda a gente do office era 12/8 por isso das duas uma ou o aparelho estava avariado ou ele não percebia nada daquilo. Depois mandáva-nos fazer análises que deveriamos ir mostrar na consulta seguinte que era 2 anos depois (claro que se morressemos entretanto não eramos obrigados a ir lá mostrar as análise).
A minha médica de família é uma querida nunca a vou lá chatear por isso quando realmente preciso de alguma coisa ela dá-me tudo o que eu preciso. A primeira vez que estive grávida só lá apareci quando o meu obstetra me mandou ficar em casa, precisava de baixa. Ela olhou para mim e para a minha ENORME barriga e só disse:
- Já sei! Precisas de baixa.
Apareço lá quando preciso, bato-lhe à porta e ela atende-me. Às vezes basta um telefonema para ela me passar uma credencial ou assim mas isto porque ela sabe que eu só a “chateio” mesmo quando preciso, não sou como a grande maioria dos utentes, principalmente os mais idosos que passam o dia no Centro de Saúde.